quarta-feira, janeiro 18, 2012

Pontapés na Ortografia

O novo acordo ortográfico é uma coisa que, na opinião de muitos, nunca deveria ter sido posta em acção. Ou ação.

Porém, há muito que já se anunciava uma nova grafia para as palavras às quais nos acostumámos. E isto é um facto. Ou um fato. Daqueles italianos às riscas usados pelo Costinha enquanto faz a lida da casa.

Provas? Eis-nos em 1988:
Esta colecção, ou coleção, como preferirem, foi autenticamente visionária. Precursora, mesmo. Muitos de vós, ou voceses, questionareis: “eh pá, mas este gajo não me é estranho”. É claro que não. Este sorridente magrebino é nada mais, nada menos, que Hajry, o pêndulo centrocampista farense durante épocas a fio. Ou melhor, era o Hajry – daqui em diante, com o novo acordo, será o Adjri.

Adjri foi um marroquino que passou com relativo sucesso por Portugal, e não estamos a falar da sua capacidade inata para vender tapetes. Foi contemporâneo de outro marroquino, o Há Giz (dantes escrevia-se Aziz), o pequeno mago que acendia a luz no meio-campo dos tigres da Costa Verde, que hoje se escreve Costa Esverdeada Que É Mesmo Verde Quando Há Algas Tóxicas Flutuando no Mar. O sucesso com que se ajeitava com a bola fez com que os farenses fossem buscar mais produto a Marrocos, e não estamos a falar dos fardos de haxixe, ou ganza, que dão à costa. Seu nome: Açan. Os mais provectos apenas reconhecerão este rei e senhor da área com a grafia antiga – Hassan. Açan foi, sem grande margem para discussão, o marroquino mais popular que alguma vez jogou em Portugal, tornando-se símbolo dos leões algarvios. Os compatriotas que lhe sucederam não tiveram o mesmo impacto (aqui o “c” mantém-se, acho eu) futebolístico. Vide as situações de Tá Ar Elquealeija e Eladriui, os avermelhados (no sentido da cor da camisola e também da cor do cartão que lhes era mui grato) de Lisboa; o outro Sá do Sporting, o Sá Bér, ao qual se juntou o efémero Adji; ou Sequetiui, o jogador que pode resumir a sua carreira num simples golo, e Xipô, cuja farta cabeleira ofuscou largamente a míngua de recursos futebolísticos.

Como podem perceber, a nova grafia empresta toda uma aura de novidade a jogadores já conhecidos. Agora… a nova grafia torná-los-á objectivamente, ou objetivamente, melhores jogadores? Bom, isso já são contas de outro rosário. Ou Rosário.

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